Regresamos a la Península Ibérica en esta tercera entrega de la serie (que, anunciamos, va a ser muuuuuuuuuuuy larga). Nuestro protagonista es el arquitecto portugués Goncalo Viana (www.goncaloviana.com).
Goncalo nos cuenta —mantenemos el portugués porque creemos que todos lo vais a entender— que trabaja "com múltiplos media, juntamente com o computador. Formei-me em arquitectura e trabalhei durante alguns anos como arquitecto (não tenho nenhuma formação específica no sector da ilustração) até decidir dedicar-me à ilustração e ao cartoon em 2002. Desde então tenho colaborado com alguns dos principais periódicos portugueses, assim como com alguns jornais e revistas estrangeiros, nos ramos da ilustração e do cartoon editorial".
New York Times. Uma oportunidade fantástica, que me surgiu através do Director de Arte Guillermo Nagore. O texto versava sobre John McCain e sobre como lhe era difícil ser aceite dentro do seu próprio partido, por ser considerado pouco republicano. O Guillermo pediu-me que o conceito do texto fosse transmitido sem que existisse a caricatura ou qualquer outra menção ao McCain. A ilustração destinava-se à página Op-Ed, local de textos de opinião e ilustrações gráficas e fortes, a preto e branco. Embora o meu estilo jogue muito com a cor e a textura, aqui pedia-se um forte contraste preto-branco, e uma figura forte que jogasse com o branco aberto do fundo. O posicionamento da ilustração foi decidido em conjunto com o Director de Arte, tendo resultado bem a geometria e curvas sobre o generoso espaço branco, em contraste com as habituais colunas densas de texto do NY Times.
HOW Magazine. Gostei muito deste trabalho e da oportunidade de colaborar com esta revista. A directora de Arte foi Bridgid McCarren. A HOW é uma revista sobre design e o artigo que me foi dado a ilustrar falava sobre uma situação que já vivi várias vezes: A apresentação de um portfolio a um potencial cliente, e como a apresentação deve ser cuidadosamente adaptada e pensada para cada cliente individual. Tratando-se da revista HOW sabia que tanto a impressão como o papel seriam de excelente qualidade, o que me permitiu explorar ao máximo os cambiantes de cor e textura, seguro que não se perderiam no processo de impressão. Embora não a utilize muito frequentemente, a simetria permite criar composições fortes e equilibradas e possibilita também, a nível conceptual, criar relações de oposição, tendo resultado bastante bem nesta imagem.
Expresso. Este conjunto de duas ilustrações foi-me pedido pelo Director de Arte Marco Grieco para a revista Única, um suplemento do jornal Expresso. O tema, a ascensão do sexo feminino face ao declínio do sexo masculino, era abordado de forma divertida, tendo-me sido dadas duas duplas páginas para ilustrar. Em ambos os planos a ilustração deveria deixar amplo espaço para o texto do artigo. Tentei utilizar esse espaço sem imagem no acto de comunicar o tema. Ele está presente no espaço vazio que aguarda o homem após o salto através do arco e também no espaço que este deixa para trás, na subida que antecede a inevitável e abrupta descida. Tentei contrapor à geometria fixa das figuras um fundo livre e dinâmico, pintado a aguarela. Gosto de jogar com esta oposição entre regra geométrica e textura livre, acentuando-se ambas por contraste.
Público. A Directora de Arte Sónia Matos pediu-me que ilustrasse a capa de um suplemento do Público, uma lista das principais 1000 empresas portuguesas em 2008, com um enfoque na sua responsabilidade social. Todas as minhas ilustrações seguem uma forte regra geométrica, criada por mim no início do processo de composição, que influencia tanto as figuras como os demais elementos da imagem. Todos os elementos estão assim ligados, embora por vezes essa ligação seja invisível. Os círculos coloridos do fundo desta imagem nascem da mesma trama geométrica que gera a figura humana no centro, criando com ela uma composição coerente.
Semanário Económico. Esta ilustração foi-me solicitada pelo Director de Arte João Caetano. Ao contrário das revistas, os jornais são impressos em papel de qualidade inferior, num processo de impressão com menos contraste e menos fiabilidade de cor. Quando ilustro para um jornal tendo a criar figuras recortadas, em curandel, uma vez que os fundos de cor ou textura tendem a imprimir de forma demasiado escura e pesada. Tento também utilizar uma escolha de cores e tons mais contrastantes, jogando com o claro-escuro. Ao ilustrar para um jornal torna-se mais importante a forma e a mancha, a relação com o espaço branco.
EL CUESTIONARIO
¿Qué peculiaridades adornan a un ilustrador que trabaja en un medio de comunicación?
Os prazos são muito apertados, é necessária uma resposta muito rápida. Uma boa compreensão do mundo e da sociedade é essencial, assim como uma boa interpretação do texto escrito e uma facilidade de comunicação visual. O ilustrador de imprensa deve ser capaz de traduzir conceitos complexos em imagens claras e simples, de compreensão rápida. Deve também entender os fundamentos do design editorial e o que dele espera o Director de Arte.
¿Cree necesaria una formación periodística para su trabajo diario?
Não. No entanto é essencial ter um hábito diário de leitura de jornais e revistas, uma observação constante da actualidade e suas notícias e uma boa compreensão da estrutura de um periódico. Uma formação em design ajuda, mas não é essencial. Importante é ser observador.
¿Qué aporta la ilustración a un artículo, noticia, entrevista? Convénzanos para que contratemos a un ilustrador para nuestra publicación.
Acima de tudo flexibilidade de comunicação. Uma ilustração, mais do que uma fotografia, pode comunicar uma mensagem a muitos níveis e estruturas diferentes, transmitindo mais informação e tornando-se complementar. Em conteúdos complexos e abstractos, como um texto de opinião, é o único media de imagem suficientemente completo para ilustrar os conceitos. A nível do design é muito adaptável, consegue assumir formas, cores e texturas muito variadas e adequa-se fácil e rapidamente às necessidades do paginador.
¿Cómo es una jornada de trabajo. Cómo se enfrenta a la hoja en blanco?
Uma jornada de trabalho tanto pode ser muito calma e lenta, enquanto se espera por um texto ou por uma encomenda, ou extremamente stressante e rápida, quando se recebe um trabalho e o prazo é muito apertado. Não há um estado intermédio, ou existe muita calma ou então muito stress. Não existe verdadeiramente uma folha em branco. Quando leio um texto penso imediatamente em algumas ideias e imagens. O difícil não é ter uma ideia, mas sim ter uma boa ideia. Muitas das ideias preliminares são incompletas e é necessário trabalhá-las para que resultem. No entanto o processo é muito intuitivo. Precisamos de ter dentro de nós uma enorme biblioteca de cultura, sociedade e imagens, de seguida o nosso inconsciente começa a fazer ligações e as imagens surgem. Com o passar dos anos um ilustrador começa a criar dentro de si um vocabulário visual que lhe permite comunicar de forma mais rápida, com a sua
linguagem.
Ídolos, inspiraciones, influencias.
Uma influência que tive desde jovem foi o trabalho do Quino. Mais tarde o ilustrador André Carrilho foi uma forte influência. O ilustrador que mais admiro de momento é o irlandês Brian Cronin.
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